É comum
observarmos hoje um bom número de crianças, jovens e adultos usando camisas de
clubes do exterior. E, geralmente, tais pessoas usam esses uniformes, não
apenas por achá-los bonitos, mas porque curtem ou torcem por esses times. Por
mais que a camisa da moda seja a do Barcelona, encontramos também muita gente
usando camisas do Real Madrid, Boca Juniors, Milan e, até mesmo, de clubes outrora
desconhecidos, como o turco Fenerbahce.
Então, surge
a pergunta: além do alto nível desses times, o que foi fundamental para que os mesmos, antes desconhecidos,
distantes milhares de quilômetros do Amazonas, conquistassem
esses torcedores? Vou dar algumas opções: a) A viagem dos torcedores, que atravessaram
oceanos, percorrendo milhares de quilômetros, para depois conhecerem esses times;
b) A apresentação dos times em amistosos no Vivaldo Lima, quando passaram a conquistar
esses novos torcedores; c) O processo de imigração do século passado, sendo
todos esses torcedores descendentes de estrangeiros, que naturalmente curtem
times de fora; d) A imprensa nacional, que nos últimos anos, por intermédio de
diversos tipos de mecanismos e mídias, tem priorizado a divulgação desses
clubes internacionais, com uma avalanche de imagens e notícias.
Certamente,
das quatro opções acima, a mais lógica é a ‘d’. Sem a efetiva participação da
imprensa, tal fenômeno envolvendo os clubes internacionais teria sido impossível de acontecer. E, obviamente, a mesma imprensa (inclusive a local) que está sendo
fundamental para o surgimento desse novo tipo de torcedor, foi também importante
para a existência hoje de tantos torcedores de times nacionais de massa no
Amazonas. Além disso, todo um ciclo mercadológico e de informações foi criado
em torno desses times, não havendo, portanto, qualquer chance de mudança de
atitude dos veículos de comunicação quanto à priorização dos clubes locais.
Ainda assim,
torna-se muito simplória a atitude de apenas se criticar a imprensa local. Falar mal dos
jornais que não priorizam o futebol amazonense é muito fácil. Mas, assim como o
futebol federado é profissional, o mesmo se pode dizer da imprensa. Os clubes
têm as suas demandas? Claro que têm! E os veículos de comunicação têm as suas
necessidades? Também, têm! E o que pode ser feito, então? No mínimo, uma conciliação de
interesses!
No próximo
artigo da série Reconstrução do Futebol Amazonense, tocarei nesta questão: conciliação
de interesses. É impossível que o nosso futebol seja reconstruído sem a criação
de um importante ciclo que atenda aos interesses de todos - dos clubes, da
iniciativa privada, do público e, também, da imprensa. Enfim, a imprensa local, que hoje contribui com o crescimento dos clubes nacionais e internacionais, deverá ser um segmento imprescindível no processo de reconstrução do nosso futebol.
Fonte: FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR
Por Adriano Campelo