Roberto Dinamite amazonense brilha no futebol da Macedônia

       O meia atacante amazonense, Roberto Dinamite, 25, do time do Rabotnicki, da Macedônia, está de férias em Manaus, desde o início de dezembro do ano passado. O jogador aproveita o intervalo da temporada do futebol europeu para descansar para rever sua família, amigos e sua noiva. Revelado nas categorias básicas do São Raimundo, o atleta deixou o futebol amazonense em 2007 para atuar na equipe do Vardar da primeira divisão da Macedônia. Destaque do time logo na primeira temporada, Dinamite foi o goleador com 18 gols e ficou na segunda colocação como artilheiro do campeonato. Por conta de seu bom desempenho, a Federação da Macedônia premiou o jogador, como melhor estrangeiro da competição.

Em entrevista ao repórter Paulo Veiga, Roberto Dinamite aproveitou para destacar sua carreira vitoriosa no futebol europeu, a importância de sua família e de sua noiva, o atual momento do futebol amazonense, a oportunidade histórica da cidade de Manaus como sede dos jogos da Copa Mundial da FIFA, Brasil’2014, a possibilidade de assinar contrato com o time do Stuttgart da primeira divisão da Alemanha, entre outros assuntos.

Paulo Rogério: Devido o grande prestígio que você tem hoje no futebol da Macedônia, houve algum convite para se naturalizar cidadão daquele país e consequentemente defender a Seleção Nacional?

Roberto Dinamite: Graças a Deus estou vivendo um momento muito bom no futebol de lá e por isso meu prestigio no time do Rabotnicki cresceu também. Nas ruas os torcedores pedem autografo e aonde eu vou sempre tem alguém querendo tirar uma foto. O treinador do time já treinou a Seleção da Macedônia e ele pode voltar. Já houve uma conversa a esse respeito, mas eu tenho que completar pelo menos cinco anos pra solicitar a documentação sobre a dupla cidadania. Quando acontecer isso eu tenho muitas chances de pedir dupla nacionalidade e ter a possibilidade de vestir a camisa do país.

Paulo Rogério: Quando você chegou à Macedônia, foi jogar nos dois times populares do país. Primeiro no Vardar e atualmente no Rabotnicki. Mas você tem uma grande proposta de defender o Stuttgart, na primeira divisão do futebol alemão?

Roberto Dinamite: Eu recebi várias proposta e quando as coisas começaram a acontecer de verdade, comecei a ganhar prêmios individuais no país. Tive uma proposta oficial do Spartak Nalchik (Rússia), recentemente de uma empresa espanhola chamada SMA e também de um time espanhol. Mas a proposta mais concreta de todas é do Stuttgart (Alemanha). Por isso houve uma renovação do meu contrato com uma multa rescisória de 6 milhões de euros, pra valorizar meu passe junto aos dirigentes alemães. O negócio ficou de ser fechado quando abrir a janela em fevereiro para a transferência de jogadores estrangeiros na Europa, como é o meu caso. Esse valor na multa é pouco pro futebol europeu pra um clube de potência do futebol alemão que é o Stuttgart. Acho que os diretores e o presidente do meu clube estão conscientes que pode ser fechado, até porque o interesse é muito grande. Já houve mais de três reuniões e as negociações estão bem encaminhadas pra dar tudo certo.

Paulo Rogério: Como você analisa essa possibilidade de jogar na famosa Bundesliga?

Roberto Dinamite: Eu falo pro meu pai que não tem um sonhador mais do que eu. Um homem sem sonho é uma pessoa sem vitória na vida e nem objetivo, pra mim uma pessoa assim não tem nada. Com certeza vai ser a realização do meu sonho e da minha família em si que lutamos muito por isso desde novo.

Paulo Rogério: Você pensa algum dia retornar ao futebol amazonense ou pra uma equipe do Brasil?

Roberto Dinamite: Eu sou um profissional do futebol. Se tiver uma grande proposta de um clube brasileiro que seja viável pra mim eu não vou pensar duas vezes e vou voltar, mas no momento não penso nem pro futebol local que agradeço muito pelas pessoas que me ajudaram a sair daqui. Atualmente os meus planos é ficar na Europa.

Paulo Rogério: As equipes que vão disputar o campeonato amazonense deste ano estão investindo muito. O Rio Negro, por exemplo, contratou o atacante Jardel e um técnico português. Qual a sua opinião sobre isso?

Roberto Dinamite: Eu acho que é bom, vai abrilhantar o futebol amazonense, vai ser bom tanto para os jogadores daqui que vão atuar com outros jogadores de nome, caso do Jardel, com experiência internacional, como o maior artilheiro europeu de todos os tempos, onde isso só vai ajudar os jogadores novos. Eu lembro quando jogava aqui no São Raimundo, vi na época jogadores famosos e tinha eles como exemplo pra poder chegar onde chegaram. Considero que será bom pra todos, mas principalmente para os considerados novos que querem vencer na vida.

Paulo Rogério: Você acredita que falta um investimento maior nas categorias básicas do futebol amazonense? A contratação de jogadores de outros estados é necessária?

Roberto Dinamite: A mesclagem é válida, porque são jogadores experientes que vem pra cá, mas nunca esquecendo os jogadores daqui que tem seu potencial. Lembro quando estava no Nacional tinha lá uma equipe muito boa, onde o mais velho tinha 21 anos. Naquela época cito o Fininho, Ari Marrento, Tiago Verçosa, Delciney, Folha, Nailton (hoje no Fortaleza) e o técnico era Adinamar Abib e junto com o Dr. Edson Rosas Jr. conseguiram montar um time valoroso e com grande jogadores individuais.

Paulo Rogério: Pra jogar futebol na Europa, você teve que deixar para trás sua família, amigos e sua noiva. Valeu o esforço de abrir mão de tudo isso?

Roberto Dinamite: O sonho que tinha era de dar uma estabilidade pra minha família. Eu abri mão dos meus familiares, minha noiva e de outras pessoas próximas pra ver todos felizes junto comigo. Hoje, graças a Deus eu os ajudo como sempre sonhei e também meus amigos. Isso me fortalece a cada dia me faz ter mais segurança nos momentos difíceis. Toda vez que tenho uma situação complicada eu penso na minha família e tudo que faço lá fora é pensando neles. Uma pessoa especial nesse processo como jogador é o meu pai. Não consigo definir em palavras a importância dele. Ele é meu amigo, meu irmão, meu pai é meu pai, meu herói, devo muito a ele e se estou vivendo esse momento ele é fundamental na minha vida. Nos momentos difíceis que pensei em largar ele dizia “tudo tem um propósito, trabalhe, mas trabalhe certo, tenha paciência porque você tem potencial”, enfim ele fala isso até hoje. Eu sou tão apegado ao meu pai que ligo pra ele lá da Europa pra pedir a opinião sobre qualquer decisão. Se for contra eu acato o que ele diz.

Paulo Rogério: A cidade de Manaus é uma das sedes da Copa Mundial da FIFA, Brasil’2014. Qual é a sua opinião sobre esse momento histórico, pois você atua no chamado velho continente, cujo futebol é bem organizado em todos os sentidos?

Roberto Dinamite: Só vai ajudar a população a amazonense. Um exemplo é a Copa da UEFA e a Champion League, que tive a chance de jogar pelo clube e vi como é a organização. Vai ser bom pra cidade como um todo nas obras e todo legado como, por exemplo: hotéis, transporte, o novo estádio, enfim a cidade vai se reestruturar mais ainda. Quando volto aqui está muito mais bonito e a Copa do Mundo só vem pra trazer tudo de melhor pra nossa Manaus.

Paulo Rogério: O Rabotnicki tem uma estrutura comparada as grandes equipes do futebol mundial? Fale um pouco sobre a estrutura e organização do clube?

Roberto Dinamite: Hoje graças a Deus eu sei como é jogar em um clube de potência e estruturado em tudo. A tecnologia caminha lado a lado com o jogador. O que tem de melhor de produto para o atleta, o clube tem a disposição do elenco. Por exemplo, tem um aparelho que tem uma tela de plasma. Caso o jogador se machuque no treino, o médico não vai pegar você no treino. O atleta vai pra dentro do vestiário e liga o aparelho acionando com seu nome e lá aparece seu boneco com a sua lesão identificada. Imediatamente aquele dado eletrônico vai cair no departamento médico e depois de cinco minutos, o médico vai tratar de sua contusão. É algo impressionante que vi na Europa e não sei se há no futebol brasileiro. O clube tem 4 campos de treinamento perfeito, sendo um de grama sintética coberta para época de frio. Outro detalhe é quando ta nevando o jogador tem que colocar uma palmilha térmica nos pés, enfim é um mundo que nunca tinha visto e fiquei admirado no começo, mas hoje já estou acostumado com isso. Lá tudo é muito organizado e planejado. Outro exemplo: meu número é 18 pra tudo. Tenho meu carro e no estacionamento é 18. No vestiário minha cabine é 18, vou jogar a camisa é 18. As vezes nós temos treinamento de ciclismo no parque e o número da bicicleta é 18. É tudo extremamente organizado para funcionar de forma perfeito.

Na temporada 2008/2009, pelo Rabotnicki, em pouco mais de 21 jogos, Dinamite marcou 25 gols, sendo o artilheiro do time e mais uma vez ficou em segundo, como goleador da competição. Em sua equipe jogam três jogadores que defendem a Seleção Nacional da Macedônia, cujo seu companheiro de ataque, Savic é um dos principais jogadores do time e do país. No momento, Roberto assinalou apenas 7 gols, mas por conta de uma contusão que deixou ele de fora do time titular durante um mês.

Roberto lembra dos grandes jogos pela fase classificatória da Copa da UEFA contra a equipe do Lusitanos (Andorra), Espanhol (Espanha), Mika (Armênia) e principalmente diante do poderoso Liverpool (Inglaterra), tendo ao lado nomes consagrados como Reina, Lucas, Gerrard, Fernando Torres, Maxi Rodrigues, entre outros. “Foi um momento inesquecível ver adversários jogadores de nome internacional e eu como uma das principais referências do meu time. É algo espetacular que somente estando em campo pra sentir a emoção de atuar contra craques de todo o mundo”, comentou.

Histórico
Roberto Dinamite iniciou nas categorias básicas do São Raimundo, passou pela base do Grêmio, Cruzeiro e Internacional de Limeira-SP. No futebol amazonense jogou no Atlético Rio Negro Clube, Nacional e São Raimundo (campeão estadual 2006) e ainda vestiu a camisa do Porto Alegre-RS, equipe do craque Ronaldinho. Dinamite já atuou em Copa da UEFA, marcando 5 gols pelo Rabotnicki. Foi premiado com uma placa do clube como o melhor da temporada. Recebeu da Federação da Macedônia o troféu de melhor estrangeiro e pela primeira vez um estrangeiro levou o Oscar dos Atletas como destaque de todas as modalidades disputadas no país.

Fonte: Blog do Paulo Repórter