Presidente do São Raimundo quer levar o time de volta à Série B

       Presidente do Tufão na campanha do tricampeonato da Copa Norte, Orlando Saraiva, 62, volta ao cargo. Ele dirigiu o clube de 1993 e 2001 foi  vice-campeão da Série C do Brasileiro (1999). O dirigente afirma que pretende trabalhar para levar o São Raimundo de volta à Série B do Brasileirão, a qual disputou por sete anos.

D24AM - Após nove anos afastado da presidência do São Raimundo e com o clube fora das divisões inferiores do Brasileirão, quais são os planos para a nova empreitada?

Saraiva: Vou me esforçar ao máximo para até 2018, ano do centenário, levar de volta o São Raimundo à Série B do Brasileiro. Está é a minha maior meta. Mas claro que para isso precisaremos galgar muitas coisas antes, como um título no Estadual que garanta vaga na Série D.

D24AM - Isso levaria mais do que os três anos em que o senhor estará à frente da presidência.

Saraiva - Se não for comigo, será com outro presidente. Isso não importa. O importante é começar logo os trabalhos para no longo prazo termos condições (estruturais e financeiras) de chegar novamente à Série B.

D24AM - E para por aí?

Saraiva - Particularmente, preferia que o São Raimundo ficasse disputando só a Série B mesmo. O futebol amazonense se daria melhor financeiramente estando apenas na segunda divisão.

D24AM - Por que?

Saraiva - Atualmente, nenhum clube do Amazonas é capaz de se manter na primeira divisão (do Brasileiro) porque demandaria uma boa infraestrutura e uma receita gigantesca para cobrir as despesas que, com certeza, seriam dez vezes maiores que numa Série B. Não faltam casos assim no futebol, como o Gama-DF (subiu à Série A em 1999, mas foi rebaixado em 2002 sem regressar até hoje após deixar também a Série B, em 2008) e o Fortaleza-CE (entre subidas e descidas de divisões despencou de vez depois do último rebaixamento à Série B, em 2006). Nem ouvimos falar mais desses clubes. Faltou mais investimento.

D24AM - Mas a receita de um clube não aumenta proporcionalmente aos gastos quando sobe de divisão no Brasileiro?

Saraiva - Não necessariamente. Nossos clubes são de médio porte, não podem se comparar à receita de um Flamengo-RJ ou Corinthians-SP. Se todos os clubes do Brasileirão ganhassem dinheiro em proporção igual, seria difícil haver um campeão. Veja o Fluminense-RJ. Em 2009 estava batendo à porta da segunda divisão e ano passado foi campeão brasileiro. Com menos de R$ 3 milhões por mês, um time daqui não se segura na Série A. O único clube amazonense que teria condições no futuro de rivalizar de igual com os grandes times da elite seria o Nacional. Nem tanto pela infraestrutura de dentro de campo, mas de fora, provenientes de autoridades e políticos influentes.  Os outros clubes daqui, como o São Raimundo, ficariam na Série B.

D24AM - A falta de investimento também foi o problema do São Raimundo para ao menos evitar o rebaixamento na Série B, em 2006, após sete anos consecutivos (2000-2006) na divisão?

Saraiva - Sim. O São Raimundo foi rebaixado por falta de dinheiro. A nossa folha de pagamento era dez vezes menor que a dos adversários, como o Sport-PE.

D24AM - Então, as contratações equivocadas de jogadores e treinadores não influenciaram no descenso?

Saraiva - Não houve contratações equivocadas. Todos os jogadores que trouxemos para o clube naquele ano (2006) foram com as melhores intenções de acertar. Eles tinham boas referências, como o Piá (meia), que havia jogado no Santos e Corinthians-SP. Mas, infelizmente, ele não rendeu o esperado aqui (Piá ganhou fama de jogador problemático durante a carreira devido à atração por baladas e uma acusação de co-autoria num homicídio, na qual foi absolvido em 2008).

D24AM - O que a torcida pode esperar com o seu regresso a presidência?

Saraiva - Muito empenho. Temos muitos projetos para pôr em andamento. Queremos trazer de volta o torcedor para o nosso estádio para gerar uma boa receita.