Empresa que criou o ‘Manaos FC’ diz que projeto não morreu, mas se mostra frustrada com o futebol local

terça-feira, 7 de dezembro de 2010 2 comentários

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      Pouco depois que o Manaos Futebol Clube surgiu, mudando a identidade do tradicional América, com direito a eleição de mascote e uniforme, grande divulgação do ‘novo time’ na imprensa e nas principais mídias sociais, os novos e antigos torcedores do América que se empolgaram com o projeto, tomaram uma ducha de água fria, que pegou de surpresa a própria empresa responsável pela transformação do América, que viu a parceria acabar de forma desastrosa, nas páginas dos jornais. O agente de marketing da empresa GO! Sports MKT , Dahn Israel, publicitário especializado em marketing esportivo, concedeu uma entrevista exclusiva ao FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR, em que fala sobre o trabalho realizado, os bastidores do fim da parceria, e sobre o futuro do projeto. Confira a entrevista:

FA: Por que uma empresa de marketing de Pernambuco se interessou pelo futebol do Amazonas?

Dahn Israel: Não é pelo fato da sede da Go! estar localizada em Recife, que ela se restringe somente ao mercado local. A visão é realmente verificar a possibilidade de mercado em outras regiões. E claro, como sou amazonense, criei um expectativa com a cidade de Manaus, idealizando, juntamente com os colegas da GO!, um projeto inovador para o futebol local.

FA: Antes do América, a Go! Sports MKT chegou a trabalhar com o Nacional. Como foi o trabalho desenvolvido no Leão, e por que acabou?

Dahn Israel: A idéia do projeto era regionalizar o clube, fazer com que o torcedor valorizasse um clube tradicional e de história frente ao idolatrado mercado de futebol sulista. Infelizmente, como a maioria dos dirigentes, queriam um projeto imediato, e a falta de planejamento e organização complicaram bastante. O Nacional tem um grupo seleto de dirigentes, que para mudar a mentalidade é complicado. Trouxemos a Lupo, SuperBolla, Hiper Sport, e o clube foi o primeiro a ter um loja exclusiva. Porém, não tivemos o trabalho valorizado. Estávamos com a construção de um site internacional em andamento, que era uma das ideias do projeto, mas tivemos que interromper o trabalho com o rompimento do acordo.

Em coquetel na loja HiperSport, jogadores do Nacional exibem o novo uniforme do clube, da SuperBolla.
Em coquetel na loja Hiper Sport, jogadores do Nacional exibem o novo uniforme do clube, da goiana Super Bolla.

FA: Depois do Nacional, foi a vez do clube do Seu Amadeu Teixeira, que acabou virando Manaos. Muita gente se identificou com as cores do clube, tendo participado da escolha do novo mascote, do uniforme etc, e o fim precoce do ‘novo clube’ acabou frustrando esses novos torcedores. Por que a parceria acabou daquela forma?

Dahn Israel: O projeto com o América era fantástico. Criamos um conceito, tudo foi pesquisado, pensando no que o amazonense queria. Pensamos em criar um clube com conteúdo, não simplesmente criar mais um clube para torcer, e sim um clube que fizesse o amazonense torcer com vontade, que desse orgulho de fato em ser amazonense, não apenas por balela política, um clube que defenderia a Amazônia e suas causas dentro e fora de campo. Criamos tudo: a parceria envolvia a Total Sports de Salvador, e a Travassos Deportos Consultoria de Recife. Um projeto autêntico com identidade, mas que não foi prestigiado como deveria. Não temos nada contra ninguém. Fico apenas triste pela falta de ética profissional, a presidente do América ( Bruna Parente ) não foi verdadeira conosco, a diretora financeira do clube ( Gena Teixeira ) era quem ditava as regras do clube, e foi ela quem terminou com o projeto, alegando coisas totalmente irracionais. O que aprendi com isso, é que o Sr. Amadeu é uma pessoa fantástica, e sua a família faz tudo por ele. Não fosse o fato de se acharem profissionais de marketing, interferindo no trabalho profissional, teria sido muito diferente.

image[5]A família Teixeira apresenta o projeto

FA: Que benefícios o projeto Manaos trouxe ao América na época?

Dahn Israel: Investidores, estrutura, mídia e torcedores. Haviam 5 empresas que iriam patrocinar o clube, faltando somente detalhes do valor final. Outra empresa daria suportes com CT, transporte, academia e alimentação, e o Amazon Sat transmitiria os jogos. O torcedor local está desesperançoso com os clubes tradicionais, que não possuem dirigentes preparados, e com a falta de transparência.

FA: Foi uma multinacional do PIM, a Moto Honda, que se interessou pelo projeto, negociando disponibilizar campo de treinamento, alimentação e transporte para o Manaos (coisas que mais tarde o América sofreu para conseguir na Série D). Por que a parceria não saiu?

Dahn Israel: Porque a parceria era para o Manaos FC e não para o América. Com o termino da parceria,  não foi mais possível firmar a proposta.

Material de Divulgação usado na épocaMaterial de divulgação usado na época 

FA: A transmissão dos jogos da Série D pelo Amazon Sat, da Rede Amazônica, acabou não se concretizando. Depois, na reta final da competição, quando o clube já era América, o Amazon Sat chegou a fazer nova proposta, para transmitir a decisão, mas o valor oferecido pelo canal não satisfez o clube. Na primeira vez, o motivo para o não fechamento do negócio foi o mesmo?

Dahn Israel: A transmissão não se concretizou porque tiramos o time de campo antes de finalizarmos. Em relação à proposta da emissora para o América na fase final que eles não aceitaram, bem, você pode entender o que é ser marketing num clube com dirigentes de mente conservadora.

FA: A diretoria do América alegou na época, que a parceria foi desfeita por não ter trazido o retorno esperado ao clube, em termos de patrocínio e investimento. O que você tem a dizer a respeito?

Dahn Israel: Lamentável. Quem em sã consciência planeja tudo e quer o retorno todo em um mês? Nossa proposta foi de 6 meses, estávamos com 5 investidores, mas haviam pessoas do clube que não aceitaram a mudança do nome e depois vieram alegar falta de investidores. Essa realmente não deu para engolir. Infelizmente, a família da presidente do clube não pensava assim. Se o clube chegou onde está hoje, certamente foi graças aos jogadores e a uma grande comissão técnica.

A Onça Pintada Yawara foi a escolhida pela torcida para nova mascote do clube A Onça Pintada Yawara foi a escolhida pela torcida para nova mascote do clube

FA: O fim da parceria com o América não foi nada amigável, e as partes trocaram acusações a imprensa e na internet. Restou alguma mágoa? Vocês voltariam a trabalhar com o América?

Dahn Israel: Não foi amigável, mas não tenho nada pessoal contra ninguém, são pessoas trabalhadoras, mas com uma visão pequena. Mas acredito que eles possam aprender. Voltar para lá, só com uma mudança de pensamento. Aprendi que um clube familiar é difícil de se trabalhar pois se mexe no ego de muitas pessoas.

FA: O projeto Manaos FC ainda existe? Que clube pode assumir essa nova identidade?

Uma das opções de uniforme do novo clubeDahn Israel: O projeto ainda existe claro. Mas, ele ficou desgastado, se existe um clube interessado ainda não fomos procurados, não sei este projeto ainda seria bem aceito pela sociedade. Caso voltasse, certamente seria reformulado.

FA: Já pensaram em criar um novo clube, sem utilizar um já existente?

Dahn Israel: Bem, somos um empresa de marketing, e criar um novo clube como o Manaos FC seria fantástico, mas é claro que precisaríamos de estrutura e não teríamos suporte no momento.

 FA: O que você acha que precisa mudar para que o futebol amazonense saia da péssima situação em que se encontra?

Dahn Israel: O amazonense é apaixonado por futebol, e não é apenas futebol da TV, podemos verificar isso em campeonatos como o Peladão. Para mudar o futebol amazonense é preciso dirigentes comprometidos com o futebol profissional de fato. Mas isso, todos já sabem, pelo visto vai demorar para acontecer. Mas é sede da Copa, pena que os clubes daqui não vão poder pisar no gramado, por não terem um tostão para bancar a manutenção do novo estádio. Enquanto essa politicagem no futebol não mudar, é preciso de visionários honestos. Complicado dizer o que penso, complicado falar do futebol local. Prefiro não reclamar, prefiro trabalhar e tentar fazer algo novo e diferente para melhorar. Enquanto as pessoas não perceberem isso e continuarem a apoiar times de Estados que estão se lixando para o nosso Amazonas, tudo continuará assim, pois é preciso um mudança social, é preciso atitude.

FA: Alguma consideração final?

Parabenizo a todos os idealizadores e participantes deste projeto, Leonardo Ferreira, André Amorim (formulou o escudo), Sérgio Travassos (Consultor da Travassos Desportos), Eduardo (ilustrador do mascote), ao Caco (Total Sports), Hallaine David (por tudo), Thiago Ramos, entre muitos outros companheiros, que fizeram de uma pequena ideia um grande projeto. E agradeço a Deus por sempre estar no controle.

Thiago Henrik – FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR

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2 comentários:

  • Anderson Felipe disse...

    É uma pena que esse projeto não tenha dado certo. Acho que esse projeto é uma das possibilidades de levantar o futebol do Amazonas e fazer com que os clubes se estruturem e sigam o exemplo. Mas a primeira mudança a se fazer é a mudança mais difícil, que é mudar essa mentalidade conservadora e pequena, não só da família Teixeira, mas dos dirigentes que comandam o futebol local, a começar pela FAF.

  • CEZAR OLIVEIRA disse...

    ACORDA DIRIGENTES DE CLUBES AMAZONENSES, A REALIDADE AGORA É OUTRA, SE NÃO HOUVER ESTRUTURA... VOCES CONTINUARAM A SER RIDICULARIZADOS PELOS OUTROS ESTADOS DO BRASIL.
    SOU AMAZONENSE,ESTOU MORANDO EM OUTRO ESTADO,
    E COMO FICO TRISTE, AO VER MEU ESTADO O QUAL TANTO AMO, NÃO PASSAR, SE QUER DA 4a DIVISÃO DO FUTEBOL, POR PURA INCOMPETENCIA, DE PESSOAS QUE ESTÃO SÓ ATRAPALHANDO O AMAZONAS(FUTEBOL).
    QUANDO EU MORAVA NA MINHA LINDA E QUERIDA MANAUS,... O SÃO RAIMUNDO ERA.. "O TUFÃO DA COLINA, O REI DO NORTE"., HOJE,.. É O RAIMUNDINHO OU MUNDICO DO POBRE FUTEBOL AMAZONENSE, É TRISTE,.. MAS, DE QUEM É A CULPA??

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