Clubes da Segundinha no prejuízo antes mesmo da bola rolar

      Antes mesmo da bola rolar na Segunda Divisão do Campeonato Amazonense deste ano, que começa no dia 15 de agosto e vai até 31 de outubro, as seis equipes inscritas já sabem que possuem um débito de R$ 2 mil por jogo.

O valor é referente às despesas com quadro móvel, que inclui desde despesas com o quarteto de arbitragem (R$ 800, sendo R$ 300 para o árbitro central, R$ 180 aos assistentes e R$ 140 do quarto arbitro) até a água fornecida ao policiamento. Cada equipe já tem garantido o débito de R$ 22 mil na competição. Isso sem contar folha salarial do time, material de trabalho e alimentação.

Para piorar a situação, as despesas com arbitragem foram reajustadas. “Ano passado foi R$ 600 na Série B e este ano foi R$ 1,2 mil na Primeira Divisão. Mas é necessário. Tudo sobe. Hoje (sexta-feira) mesmo a passagem de ônibus foi para R$ 2,25”, justificou o diretor-técnico da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Ivan Guimarães.

O reajuste gerou reclamações no Conselho Arbitral, formado pelos dirigentes, dos clubes, que aprovou o regulamento da ‘Segundinha’. O presidente do Tarumã Esporte Clube, José Correia da Silva, pediu que o valor de R$ 600 para os árbitros fosse mantido, mas foi voto vencido. Outro assunto que causou discordância foi o valor dos ingressos. Em 2009 e este ano, o valor único dos bilhetes nos jogos na capital foi de R$ 10. Mas ficou acertado entre os cartolas que o preço para a Série B 2010 será de apenas R$ 5. Apesar de não aprovar o valor, o presidente do Atlético Rio Negro Clube, Eymar Pereira, aceitou a decisão da maioria. “Tanto faz ser R$ 10 ou R$ 5, as pessoas que assistem são sempre as mesmas”, comentou.

As rendas nos campeonatos oficiais organizados no Amazonas são deficitárias. Na Série A do Estadual deste ano, no jogo ASA x América FC, o público pagante foi de 260 torcedores. A renda de R$ 2.310,00 sequer cobriu a despesa de R$ 2.565,10. Ao final do jogo, as agremiações tiveram que dividir o déficit de R$ 255,10. Isso tudo na Primeira Divisão do Estadual.

Os prejuízos são constantes, mas ninguém desiste do campeonato. Rio Negro Clube, Tarumã, Cliper, Operário EC e Grêmio Atlético Coariense se queixam das dívidas, mas garantiram presença na Segundona. A competição pode ter mais um clube, o Holanda. Mas a participação depende da anulação, pela Justiça, da eleição que elegeu o atual presidente, Paulo Radin. Ele enviou comunicado à FAF informando que a equipe não vai disputar a Série B. Dirigentes contrários à decisão querem garantir a presença do Laranja.

Os problemas para a realização do torneio não param por aí. Assim como os clubes da Série A sofreram com a falta de estádios, os da ‘Segundinha’ não ficam atrás. Atualmente, a capital do Estado não possui estádios disponíveis. Se for considerado que quatro das seis equipes são de Manaus, e o Grêmio, de Coari (a 363 quilômetros da capital), mandará os jogos em Manaus porque o campo do município está em reforma, o problema se agrava. Apenas o Operário EC, de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus) tem campo para jogar suas partidas. A solução apresentada pela FAF foi utilizar o estádio do São Raimundo, o Ismael Benigno, conhecido como Colina, e o Estádio Municipal Francisco Garcia, em Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros da área urbana da capital). Mas a Colina opera com restrições e está prestes a ser fechada para reforma que a transformará em Centro de Treinamento (CT) na Copa do Mundo de 2014.

Esse caldeirão de problemas não impede a realização da competição. Isso porque, segundo Ivan Guimarães, a legislação do futebol brasileiro não permite extinguir a Série B. “Em razão da densidade demográfica do Estado, o máximo permitido pela Lei Orgânica do Futebol Brasileiro é de dez equipes”, ressaltou. “Criamos a Série B para ter futebol nos dois semestres”, lembrou.

Fonte: Diário do Amazonas