Estádio Parque Amazonense

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010 Comments

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       No início, os campos oficiais de futebol da cidade de Manaus eram praticamente o do General Carneiro e General Osório, além de alguns campos de várzea, que no decorrer do ano, ficavam impossibilitados de se jogar devido às enchentes no meio do ano, mais precisamente entre os meses de maio e julho. Bem mais tarde foi construído o Parque Amazonense, como também, o Estádio Ismael Benigno, popularmente conhecido como Estádio da Colina, além do Estádio Vivaldo Lima.

Foi muito utilizado pela população de Manaus e era localizado no Beco do Macedo, ficando numa vasta área do bairro da Vila Municipal, hoje Adrianópolis, com entrada principal pela rua Belém. Mais tarde parte dessa área foi ocupada e transformada em bairro. O terreno pertenceu a um cidadão português e depois foi doado à Maçonaria, que voltou a por em funcionamento um hipódromo e um campo de futebol, onde ocorriam os grandes clássicos do futebol Amazonense, tais como : Rio Negro e Nacional, Rodoviário e Américo, Nacional e Fast Clube e Auto Sporte e Olímpico Clube.

Segundo o historiador Carlos Zamith, “A partir de 1918, no Parque Amazonense, foi disputado o campeonato amazonense amador. Em seguida, também foi construído o Campo do Luso, também conhecido como Prado, havia corridas de cavalo com regularidade aos domingos e boa organização, pelo menos até o final de 1930. A largada das corridas era em frente às arquibancadas do estádio e tinha um percurso que formava toda a área do hoje bairro N.S. das Graças, antigo Beco do Macedo”.

estadio_parque_amazonenseAté o ano de 1976, o estádio "PARQUE AMAZONENSE" situado a 1KM do centro de Manaus, na rua Belém, era o mais antigo estádio da cidade de Manaus, porém foi derrubado. Sua capacidade era de 10.000 pessoas.

A revista Esporte Em Revista, edição número 7, do dia 10 de outubro de 1967, que circulava quando o futebol amazonense estava em plena evo­lução, publica uma declaração de Walter Rayol, antigo cronista, conhecido por Zé do Parque e político atuante, sobre o Parque Amazonense. O Parque começou a existir nos idos de 1906. Foi no Govêrno do então coronel Antônio Constantino Nery, sendo Prefeito Municipal de Manaus o coronel Adolpho.

Guilherme de M. Lisboa que com uma Lei da Intendência autorizou fosse concedida a um cidadão uma área de terras no antigo bairro do Mocó, para ali ser construído um Hipódromo. O Hipódromo foi instalado e funcionou normalmente até 1912 quando a crise da borracha motivou o seu fechamento. Voltou a funcionar a sua pista de corrida somente em 1918, graças aos esforços de Alfredo Costa, Lazar Klein, Manuel Marques, o lusitano Maximino e outros proprietários de coudelarias. Já nessa época havia, simultaneamente, partidas de futebol e corridas de cavalos porque o Dispensário Maçônico, que recebera o antigo Hipódromo, por doação, ali fizera um estádio para a prática do esporte-rei, cuja inauguração verificou-se em 1918, quando aqui esteve pela primeira vez, um combinado cearense. A partir daí, no Parque foram disputados os campeonatos de futebol amazonense. Em seguida, também foi construído o campo do Luso, nos Bilhares onde eram disputados jogos oficiais, de acordo com os interesses da FADA e dos clubes.

No dia 3 de outubro de 1942, foram inaugurados os refletores do Parque para jogos noturnos. Nesse dia foi disputado um amistoso entre Fast e Olympico, em beneficio da Cruz Vermelha Brasileira. O ato foi presidido pelo Interventor Alvaro Maia, Prefeito Antóvila Mourão Vieira, Coronel Gentil Barbato e pelo Dr. Manoel Barbuda. O Fast promovia a estréia de alguns jogadores vindos do futebol paraense, como Luizinho, Zé Luiz, Fedegundes e Chinelo. Venceu a partida por 8 a 1. Um dos estreantes, Zé Luiz, fez quatro gols. O Fast formou com Raul, Adauto e Canhão; Valdemir, Gioia e Chinelo; Cabral, Fedegundes, Zé Luiz, Luizinho e Paulo Batata.

Em 1946, o Parque foi arrendado à Federação Amazonense de Desportos Atléticos (FADA), então sob a direção do Dr. Menandro Tapajós, presidente; Walter Rayol, vice; Mansueto Queirós, secretário; tenente Waldir Martins, tesoureiro e Antônio Dias dos Santos, adjunto. Na época era Interventor Federal, o dr. Júlio da Silva Nery, que auxiliou financeiramente a entidade dos desportos, e esta, com a ajuda do comércio, mandou murar todo o estádio, construindo as gerais de concreto, tendo estas recebido o nome de Júlio Nery.

O América futebol Clube, dos irmãos Teixeira (Artur e Amadeu), tornou-se arrendatário do Parque a partir da década de 60 e assim ficou até pouco depois da inauguração do estádio Vivaldo Lima. Pagava mensalmente certa importância à Maçonaria pelo locação do imóvel mas, com a abertura do novo estádio, os jogos foram saindo do Parque e, sem poder cumprir seus compromissos por falta de recursos, o jeito foi entregá-lo ao legítimo proprietário.

Na administração do América, quando Flaviano Limongi estava à frente da FAF, fundada em 1966, o Parque recebeu vários melhoramentos, visando a dar maior comodidade ao torcedor. A entidade custeou a construção de duas pequenas gerais de madeira atrás das metas, aumentando um pouco mais o espaço para os torcedores. Renovou por completo a velha arquibancada, também aumentando a sua capacidade.

No dia 21 de maio de 1967, quando jogavam Rio Negro e São Raimundo, pelo campeonato de 1966, pouco faltava para a conclusão dos trabalhos que estavam sendo feitos na arquibancada. O público pagante era de 5.881. Ao término do jogo, quando os torcedores procuravam o caminho para deixar esse setor, algumas tábuas que serviam como uma espécie de passarela, deslizaram e muita gente caiu de uma altura de aproximadamente três metros. Houve grande tumulto, várias pessoas feridas e um cidadão saiu com ferimentos graves. Foi internado e assistido sob às expensas da entidade, mas infelizmente veio a falecer quase um mês depois devido a outras complicações.

O Parque foi vendido em 1976 a uma firma da Zona Franca de Manaus, a Florida, do comerciante Francisco (Dinor) Castelo Branco que alguns anos depois a repassou para uma empresa de construção. Correu que a idéia inicial era a de construir um conjunto habitacional no local. Logo que o novo proprietário tomou posse do imóvel, de imediato foi demolida a arquibancada de estrutura de ferro, coberta com telhas de barro de fabricação portuguesa e a geral de cimento, cujo material foi todo amontoado no campo de jogo.

A cabine da crônica esportiva, que tinha a denominação de Pavilhão Gilberto Mestrinho, construído no seu primeiro governo em área que não pertencia ao Parque, também foi demolida sem que qualquer membro da ACLEA tomasse uma decisão para reaver o prejuízo causado ao seu patrimônio. A área do Parque foi vendida por Um milhão e Trezentos Mil Cruzeiros. O Prefeito Jorge Teixeira ainda tentou devolver ao nosso futebol o velho estádio.

Parque Amazonense

O último jogo disputado oficialmente no campo do Parque, valeu pelo campeonato de profissionais, no dia 8 de julho de 1973. Nesse dia o torcedor jamais acreditaria que Rio Negro e Rodoviária estivessem fechando os portões de ferro do velho campo da então rua Belém, também chamado de campo da linha circular, por ser aquela artéria um dos itinerários dos bondes de duas lanças que faziam a linha Circular-Cachoeirinha.

O Rio Negro venceu por 3 a 1 e o atacante Osmar; que viera do futebol paraense, foi o autor dos três tentos, todos no primeiro tempo. Sudaco, que havia jogado no Fluminense do Rio e no futebol paraense, marcou o tento da Rodoviária no segundo tempo.

RIO NEGRO : aovis, Pedro Hamiltom, Casemiro, Biluca e Nonato, Denilson e Jorge Cuíca; Rolinha (Orange), Osmar (Almir), Zé Cláudio e Sardo.

RODOVIÁRIA: Iane, Mesquita, Joaquim, Valter Costa e Téo; Tadeu (Jarlito) e Sudaco; Zezé (Laércio),Wiison Lopes, Roberto e Julião.

A renda foi de Cr$ 21.286,00, para um público pagante de 4.459. Zé Cláudio, do Rio Negro e Julião, da Rodoviária, foram os últimos jogadores profissionais expulsos no campo do Parque Amazonense.

Fonte: Livro Baú Velho, de Carlos Zamith, Jornal A Crítica (AM), Futebol Amazonense, Site do Nacional (AM), Convibra, Blog do Rocha, Blog História do Futebol - Pesquisas de Sidney Barbosa da Silva.

 

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