A Reconstrução do Futebol Amazonense - Parte 4

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013 Comments

Este quarto artigo da série A Reconstrução do Futebol Amazonense não visa criticar gratuitamente o trabalho de qualquer dirigente de clube local. Comumente, quem critica tais gestores talvez desconheça o quanto é financeiramente dispendioso deixar um time pronto para disputar um campeonato comprovadamente deficitário. Conforme foi frisado no artigo anterior, a ausência de um razoável público consumidor ligado ao futebol local tornam pequenas as receitas diretas, bem como comercialmente inviável a obtenção de patrocinadores.

Estádio Vivaldo Lima lotado? Normal, pois o nosso povo curte muito um bom jogo de futebol.

Entretanto, ousemos levantar os seguintes questionamentos: Será que conseguir a façanha de manter um time jogando um campeonato, inclusive com alguns subsídios do Governo, é tudo o que nossos dirigentes podem fazer? Seria possível existir um caminho alternativo a ser trilhado por eles e por outros segmentos para que esse cenário de semiprofissionalismo mude? Isso é que tentaremos apresentar agora - um caminho baseado em mudanças de atitude e estabelecimento de prioridades, em comparação com o que é feito hoje no futebol local. Serão apresentados a seguir apenas alguns exemplos dentre tanta coisa que pode ser feita para mudarmos o nosso futebol.



FUTEBOL AMAZONENSE
ITEM 01 – SUSTENTAÇÃO FINANCEIRA


STATUS ATUAL

SEMIPROFISSIONAL

CAMINHO ALTERNATIVO

PROFISSIONAL


Distanciamento do público passivamente aceito.

Patrocinador distante por causa do distanciamento do público.

Pouca exposição de imagem e retorno financeiro para patrocinador.

Receitas diretas (ingressos e produtos) insignificantes, devido à ausência de torcedores.

Aparente contentamento dos dirigentes com as receitas que entram por meio de colaboradores ou doadores (pessoas físicas e jurídicas), inclusive nos casos em que existe a importante intermediação do Governo e, ultimamente, da Prefeitura.


A conquista do grande público ligado em futebol, inclusive daqueles que curtem times de fora, deve ser uma obsessão.

A atitude passiva referida no quadro ao lado deve ser trocada por ações proativas que visem à reconquista do público (torcedores, simpatizantes e consumidores).


Neste caso, a grande questão não é o que a população pode dar para os clubes, mas o que os clubes devem dar para o potencial público consumidor - nos quadros seguintes, veremos algumas sugestões nesse sentido.




FUTEBOL AMAZONENSE
ITEM 02 – FUTEBOL DE BASE


STATUS ATUAL

SEMIPROFISSIONAL

CAMINHO ALTERNATIVO

PROFISSIONAL
Futebol de base funciona precariamente, poucos meses por ano.

Não é tratado como fundamental para os clubes.

Ausência de ações que tornem o futebol de base local sonho de consumo dos nossos jovens jogadores.

Ausência de parcerias com Governo e Prefeitura.

Federação de futebol fechada para novas associações ou clubes interessados em participar dos campeonatos de base (sub-16, sub-18 e sub-20).

Inexistência da categoria sub-14 dentre os campeonatos de base promovidos pela Federação.

Deve funcionar sob a gestão de profissionais e durante todo o ano.

Os mesmos dirigentes que fazem o impossível para colocar um time profissional em campo, devem agir do mesmo modo em prol de um futebol de base sério.

Devem, também, promover ações que atraiam os melhores jovens jogadores para a base dos clubes. Temos uma quantidade imensa de potenciais craques, os quais não são transicionados e aperfeiçoados para o futebol profissional.

Federação deve urgentemente abrir filiação para novas associações ou clubes amadores, os quais participariam dos campeonatos de base.

Com a participação desses novos associados e dos clubes já federados, deveria ser acrescentada uma nova e importantíssima categoria: o sub-14.

Parceria com Governos. Este ano vai começar uma parceria entre a Prefeitura e o futebol de base local. O mesmo deve ser feito com o Governo do Estado.            


FUTEBOL AMAZONENSE
ITEM 03 – MARKETING


STATUS ATUAL

SEMIPROFISSIONAL

CAMINHO ALTERNATIVO

PROFISSIONAL

Ações de marketing inexistentes e, quando ocorrem, são oriundas de torcedores ou pessoas interessadas em promover algo no futebol.

Devido às poucas ações de promoção de imagem, os clubes sempre continuam distantes do imaginário da grande maioria da população local.


Devem as ações de marketing ser tratadas com seriedade e competência, para que a imagem dos clubes fique mais exposta.

Torneios, eventos e peneiras envolvendo o futebol de base devem ser realizados constantemente nos bairros da cidade.

Deveriam liberar jogos do futebol de base, a custo zero, para as emissoras de televisão locais interessadas, podendo essas criar promoções envolvendo as imagens dos clubes e o público jovem.

Cada núcleo do Projeto Bom de Bola do Governo poderia vincular-se a um clube, que cederia sua imagem para uso nos materiais e uniformes. Os núcleos poderiam levar o nome dos clubes, sendo uma extensão da base dos mesmos. (Exemplo: Projeto Bom de Bola – Núcleo Fast Clube).



FUTEBOL AMAZONENSE
ITEM 04 – PARTICIPAÇÃO DE ENTES PÚBLICOS


STATUS ATUAL

SEMIPROFISSIONAL

CAMINHO ALTERNATIVO

PROFISSIONAL

Governo subsidia financeiramente, por meio de parcerias com a iniciativa privada, o custo de campeonatos (o que não deixa de ser uma ajuda sempre bem vinda).

O Governo Estadual e a Prefeitura devem também subsidiar financeiramente o futebol de base, o qual tem um custo bem mais baixo do que o futebol profissional.

Podem ser criadas parcerias envolvendo o Projeto Bom de Bola do Governo do Estado e os clubes profissionais, conforme já mencionado no quadro anterior.

O Governo e a Prefeitura devem continuar investindo na parte estrutural do futebol (construção e reforma de estádios).

O Governo poderia relançar o sistema EU QUERO A NOTA, bem como criar programas de incentivos fiscais estaduais e municipais que estimulem a iniciativa privada a investir no futebol local.

Os clubes poderiam elaborar projetos de emendas parlamentares federais, estaduais e municipais, visando a obtenção de recursos para promoções culturais e desportivas nos bairros e nas escolas, em parceria com as secretarias de educação, de esportes e de cultura.

Com esses recursos seria promovido a imagem dos clubes, por meio de torneios amadores com os uniformes dos times, fornecimento de materiais promocionais, exposição dos escudos dos clubes nos cadernos e livros na rede pública, e demais ações de marketing.



É importante deixar claro que as ações sugeridas nos quadros acima são meramente exemplificativas – muito mais pode ser feito para que se inicie um novo ciclo no futebol local. Além disso, todos os quatro itens (sustentação financeira, futebol de base, marketing e participação da iniciativa pública) estão essencialmente interligados. Não encontraremos em quaisquer dos itens citados ideias mirabolantes ou miraculosas para mudar o futebol local. Nosso futebol não precisa de mágica – basta ser realizado nele o que hoje não se faz e tem que ser feito.

No quinto e último artigo da série Reconstrução do Futebol Amazonense, será apresentada uma proposta relacionada com um grande pacto pela transformação do nosso futebol. Se você, leitor, é um daqueles poucos que acreditam em um futuro melhor para o nosso futebol, não deve perder esse último artigo desta série.



Fonte: FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR

Adriano Campelo


 

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