Contratado como o grande reforço do Nacional para o Campeonato Amazonense, o meia Igor, 31, diz que faz mais o estilo ‘garçom’ e não marca muitos gols. Em sua passagem pelo Flamengo, em 2003 e 2004, o atleta balançou a rede apenas três vezes em 48 jogos pelo rubro-negro.
Recém-chegado da União Barbarense-SP, o jogador garante que compensa o baixo aproveitamento deixando os atacantes na cara do gol. “Sempre fui um jogador mais de assistências. Tanto que, em 2003, fui o segundo jogador que mais deu passes para gol no Campeonato Brasileiro, pelo Flamengo”, lembrou o meia, antes do seu primeiro treino pelo Nacional, nessa terça-feira (15).
Igor também revelou que seguidas contusões atrapalharam sua carreira. “Infelizmente, depois que saí do Flamengo, tive problemas com lesões. Mas já venho há dois anos sem contusões e jogando em alto nível”, garantiu. Igor deve ser uma das novidades entre os titulares do Naça no jogo decisivo contra o Operário, sábado (19), no Estádio Roberto Simonsen, no Clube do Trabalhador do Sesi. Revelado pelo Nacional, o meia Delciney, que retornou ontem à equipe, está machucado e é dúvida para o confronto com o Sapão de Manacapuru.
Jogador quebrou a perna em lance bizarro
O dia 29 de abril de 2006 ficou marcado na carreira do meio-de-campo Igor. Você pode até não estar se lembrando desse baixinho que já defendeu, entre outros clubes, Flamengo, Figueirense e Coritiba, mas certamente se recorda de um lance inusitado no jogo entre Fortaleza e São Caetano, pelo Brasileirão daquele ano, quando dois jogadores do time cearense correram para cobrar uma falta e acabaram se chutando. Resultado: uma perna quebrada e quase um ano de recuperação para voltar aos gramados (assista no vídeo abaixo).
Os personagens dessa cena curiosa foram os meias Bechara e o próprio Igor, que garante que a lambança ainda rende muitas piadinhas quando entra em campo. - Eu e o Bechara somos amigos fora de campo. Infelizmente tivemos uma fatalidade naquele lance, tudo por falta de comunicação. Estávamos preparados para cobrar a falta e ficamos de lados opostos. Na hora do apito, cada um viu seu lado aberto e fomos para a bola. Quando botei o pé de apoio no chão, ele chutou minha perna. Fiquei quase um ano sem jogar. No início, os companheiros ficavam brincando e até hoje o pessoal não perdoa dizendo: "não deixa o Igor bater mais falta" - conta o jogador, em entrevista por telefone, sempre levando as gozações na esportiva.
De vendedor de cachorro-quente a jogador do Flamengo
Aos 31 anos, Igor já pode contar à filha Ana Carolina, de apenas 2 anos, que venceu as dificuldades da infância pobre em Limoeiro do Norte (CE) e chegou a vestir a camisa do Flamengo. Mas o caminho até o Rio de Janeiro não foi nada fácil. Filho do trabalhador da roça Antônio Bento e da lavadeira Maria Célia, o meio-campo teve até que vender cachorro-quente para ajudar a família.
- Agradeço muito ao meu pai por não ter me colocado para trabalhar na roça. Saí de Limoeiro do Norte e fui morar com uma tia em Fortaleza. Dos 12 aos 14 anos vendi cachorro-quente em um ponto que ela tinha em frente a uma maternidade-escola. De vez em quando, eu comia um pouquinho escondido, sim. Também, na hora do almoço batia uma fome, não dava para resistir - brinca o jogador.
A primeira chance de Igor foi no Rio Branco de Americana (SP), onde se destacou no Campeonato Paulista de 2002. No mesmo ano, foi negociado com o Figueirense e levantou o título de campeão catarinense. As boas atuações chamaram a atenção dos dirigentes do Flamengo, que o contrataram para a temporada seguinte.
- De 2002 para 2003 foi a melhor fase da minha carreira. Depois de ser campeão no Figueirense, realizei o sonho de todo jogador, que é atuar no Flamengo. Tive a felicidade de jogar ao lado de Felipe, Edílson, Julio César, Júnior Baiano e Athirson. Ganhei muita experiência e valor no mercado e hoje posso dizer que tenho saudades de atuar no Maracanã e do carinho da torcida rubro-negra - relembra o atleta, que ainda conquistou o título paranaense de 2004 com o Coritiba e o bicampeonato cearense com o Fortaleza (2005 e 2007), além de defender Juventude e Náutico.
Fonte: Diário do Amazonas / Globo Esporte / FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR