Garanha e Alcimar testam a bola da Copa

       Antes de começar uma Copa do Mundo, as atenções se voltam para a convocação dos atletas. Depois, vêm as críticas aos técnicos, pela não convocação de determinados jogadores e, no final, comemoração pelo título e a lamentação dos perdedores. Nesse ano, quem recebeu o maior número de críticas, por incrível que pareça, foi a bola.

Nos primeiros dias de treinos na África do Sul, jogadores de várias seleções teceram comentários contra a redonda. E os primeiros foram os brasileiros. O goleiro Júlio César, que insatisfeito com a bola, ironizou e disse que a Jabulani parecia bola de supermercado. Mas o difícil é saber se as críticas foram em razão da má qualidade da bola, ou uma briga de patrocinadores, pois a fabricante - Adidas - é concorrente da Nike, marca que patrocina boa parte dos jogadores da Copa do Mundo e autores das críticas.

Depois da polêmica, o CRAQUE comprou a bola e convidou dois jogadores profissionais para ir ao Estádio do SESI e testar a Jabulani, a bola da Copa, idealizada pelo designer Andy Harland, e desenvolvida no Instituto de Tecnologia do Esporte da Universidade de Loughborough, na Inglaterra.

         Robson Garanha, experiente atacante do futebol amazonense – e que esse ano disputou o estadual pelo Manaus Compensão -  aceitou fazer um teste com a bola. Garanha gostou do design e elogiou o material, mas disse que está com pena dos goleiros, pois não é necessário muita força e basta um jeitinho para a Jabulani sair como um "pombo sem asa". "Para chutar é ótima, mas se eu tiver na área, tenho pena do meu lateral, porque ele vai ter de treinar muito para acertar um cruzamento. Mas quem vai sofrer mesmo são os goleiros", disse o atacante.

Garanha arriscou alguns chutes de fora da área. Na opinião do atacante, basta mirar o meio do gol para deixar o goleiro em situação delicada. "Se pegar de jeito no meio do gol, o goleiro não vai nem ver. Para quem chuta é uma delícia. Se eu jogasse com uma bola dessa no amazonense eu ia me especializar em cobranças de faltas", brincou.

Sobre as críticas que a Jabulani recebeu dos jogadores, Garanha afirmou que pode ser uma guerra de patrocinadores. "Não dá para entender o porque das críticas porque nós jogamos com todo tipo de bola e garanto que eles já jogaram e ainda jogam com bolas bem piores", frisou.

Ruim para o Goleiro

       Já o goleiro Alcimar - que defendeu o América nos dois últimos anos e se prepara para defender agora o clube na Série D - disse que para o goleiro, a Jabulani tem defeitos e qualidades e que, além da velocidade que a bola atinge ao ser chutada, um outro problema é a qualidade das luvas que os goleiros usam no Brasil, que não tem aderência para segurar a Jabulani. "Pra defender é terrível. Mas tem virtude. Quando vou repor a bola, não precisa de força, basta pegar bem nela que vai fazer um lançamento", disse o goleiro.

Ainda no quesito de reposição, Alcimar cobrou vários tiros de meta. Ele ficou impressionado. "Como não aqueci, tenho que ter cuidado para não comprometer os músculos, mas facilmente a gente consegue lançar a bola depois da linha do meio campo", frisou Alcimar. O goleiro afirmou que os goleiros da Copa vão sofrer muito com a  jabulani e que os atacantes vão se dar bem, caso aproveitem os rebotes. "Se tiver um atacante esperto para pegar os rebotes, ele vai se dar muito bem. Estou apostando no Luiz Fabiano, que é um bom atacante de área. Acho que ele vai ser artilheiro se ficar de olho nos rebotes dos goleiros", frisou.

Origem

Jabulani é uma palavra da língua Bantu IsiZulu, um dos 11 idiomas oficiais da África do Sul. A bola oficial da Copa 2010 tem apenas oito gomos em formado 3D. Seu design possui traços africanos, misturados numa diversificação de 11 cores, mas o branco predomina.

De acordo com a Adidas, as cores foram escolhidas para representar os 11 jogadores de cada seleção, os 11 idiomas oficiais da África do Sul e as 11 tribos que formam a população sul-africana.

Fonte: A Crítica / FUTEBOLAMAZONENSE.BLOGSPOT.COM