Messias já fez gol decisivo na competição e é o xodó da torcida de Rio Preto da Eva. Dirigente do clube busca tratamento para ele.
BRUNO TADEU | D24AM.COM - O principal sonho de muitos atletas iniciantes no futebol é ouvir os gritos de homenagens da torcida em sinal de reverência e admiração. Tudo isso, é claro, como reconhecimento de boas atuações. O jovem Messias, de 21 anos, já conseguiu realizar parte desse sonho. Opção no banco de reservas do Holanda, o atacante é unanimidade entre os amantes do time de Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros a nordeste de Manaus), mas por causa de uma deficiência auditiva, ele mal pode escutar seu nome, ecoado pelas arquibancadas do Estádio Francisco Garcia.
Completamente surdo do ouvido esquerdo e com o direito bastante comprometido pela deficiência, que é de nascença, Messias não está em alta por acaso. Ele foi o autor do gol da vitória da Laranja Amazonense sobre o Operário no último dia 24, após sair do banco de reservas. Na partida seguinte, jogando em casa, contra o Princesa do Solimões, os torcedores conterrâneos do atleta retribuíram com pedidos de “põe o Messias!” para o técnico Sergio Duarte, antes mesmo do intervalo do jogo.
Bastante tranquilo no banco de reservas, ele relembrou, com muita dificuldade na fala, em razão da surdez parcial, o momento que o consagrou no time. “Entrei no segundo tempo e graças a Deus fiz um gol”, disse, enquanto seus companheiros de equipe, solidários, tentavam sinalizar para a reportagem que Messias tinha dificuldades de comunicação.
O companheirismo também é perceptível por parte da comissão técnica do clube. Técnico do Holanda desde o início do segundo turno do Campeonato Amazonense, Sérgio Duarte reconhece as dificuldades na hora de orientar o jogador. “É complicado a gente trabalhar nesse sentido, mas acima de tudo está o potencial do Messias. Ele, além de ser profissional, está querendo buscar algo na carreira e como pessoa também”, ressalta.
Duarte garante que Messias tem totais condições de se tornar um grande jogador, mas pede paciência até que o momento chegue. “É evidente que ele não vai ‘estourar’ de um momento para outro. Vai haver dificuldade, alguns momentos em que não vai ser possível enquadrar o Messias no jogo, mas o torcedor tem que entender isso”, avaliou.
Em busca de tratamento para o jovem promissor, o presidente do Holanda, Paulo Radin, revela que pode até sair do País atrás de uma solução. “Falei com alguns fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas e todos dizem que ele precisa realizar uma longa bateria de testes e exames para definir qual a origem da deficiência, para só depois ver qual o tratamento. Tão logo a competição permita, veremos o que pode ser feito”, adiantou o dirigente.
O apoio que Messias recebe também vem do lado do time adversário. Ainda no confronto com o Princesa, ele teve a oportunidade de enfrentar o seu primo, o meia Dan, 22, outra promessa do futebol amazonense, que defende o Tubarão desde o início de 2012. “Ele é um grande menino e joga muito. Apesar da deficiência, ele tem muita visão de bola e eu creio que ele ainda vai crescer muito. Sempre sonhamos em jogar juntos”, deslumbrou Dan.
No duelo entre os primos, Messias levou a melhor. Depois de muito a torcida pedir, ele entrou aos 18 minutos do segundo tempo, quando o jogo já estava 1 a 0 para o Holanda. Embora não tenha marcado novamente, ele conseguiu fazer uma bela jogada que quase resultou em gol. “Boa, Messias!”, gritaram com intensidade os companheiros do banco de reservas, de uma forma que pelo menos os elogios não passem batidos após as grandes jogadas do atacante.’
Fonte: http://d24am.com/esportes/futebol/deficiente-auditivo-e-a-esperanca-do-holanda-no-amazonense/54659
