Paulo Morgado: “Enquanto não for campeão amazonense, não descanso”

    O técnico português Paulo Morgado, que veio para o Brasil para dirigir o Rio Negro no início do ano, mas deu de cara com a dura realidade do nosso futebol, está de volta à Portugal, mas pode voltar ao Amazonas em breve. Ele, que acabou terminando o campeonato no Fast, semifinalista do returno, deu uma entrevista ao repórter Paulo Veiga, e comentou sua eperiência no nosso futebol. Diz que pretende fazer estágios na Europa, mas não descarta uma volta, muito em breve, ao futebol baré. Confira a entrevista:

Paulo Repórter: Como o Senhor analisa sua participação trabalhando no futebol brasileiro, em especial no amazonense?

Paulo Morgado: Senti muitas dificuldades no inicio devido às más condições de trabalho que eu tinha no Rio Negro. Com o convite do Fast as coisas melhoraram e penso que foi com saldo positivo que sai de Manaus

Paulo Repórter: Esperava muito mais no Rio Negro e de repente foi algo extremamente decepcionante?

Paulo Morgado: Nunca pensei que as dificuldades fossem tantas, considero o Rio Negro um clube muito grande, mas com graves problemas de estrutura. Foi uma decepção quando reparei na falta de condições de trabalho, mas sempre vi uma torcida a apoiar o time e isso deu a força suficiente para continuar.

Paulo Repórter: O fato da pouca estrutura no futebol amazonense, o deixou desmotivado em retornar a trabalhar em Manaus?

Paulo Morgado: A falta de estrutura é sempre um problema, mas penso que este pode ter sido um ano de viragem no futebol amazonense. Tenho muita vontade em regressar principalmente por não ter vencido o campeonato. Sou teimoso e enquanto não for campeão amazonense não descanso.

Paulor Repórter: O desejo é continuar no futebol amazonense, ou caso surja um convite de outro Estado à tendência é aceitar essa nova opção?

Paulo Morgado: Neste momento estou mais virado para a minha formação como técnico. Tenho 36 anos e não quero chegar aos meus 50 e estar a trabalhar no futebol amazonense, penso fazer um estagio em Itália e outro em Espanha. Acho fundamental um treinador estar actualizado. Ha interesse da parte do Fast, o meu regresso ao clube em janeiro, mas se aparecer um convite para uma Serie D com certeza regresso mais cedo.

Paulo Repórter: A diferença em relação à estrutura do futebol europeu com a realidade local é muito grande?

Paulo Morgado: Muito grande. Tudo começa com as infra-estruturas que os clubes na Europa tem para formar jogadores. Depois sem qualidade de treino não ha qualidade de jogo. No futebol amazonense, falta o apoio que se tem dado ao carnaval.

Paulo Repórter: Caso fosse um dirigente amazonense, qual seria a mudança para melhorar o futebol local?

Paulo Morgado: Não adianta dizer que o futebol amazonense e fraco e depois esquecer que o futebol não se faz em 6 meses nem em 10 meses, são vários anos para se construir uma estrutura capaz de trazer mais gente aos estádios.

Paulo Repórter: Se tivesse assumido, com mais tempo o Fast Clube, seu trabalho teria um resultado maior na Amazonão?

Paulo Morgado: Não sei. Julgo que o meu trabalho no Fast foi curto. Peguei um time desmotivado, mas com muita qualidade. Sei que com mais tempo podia ter feito coisas boas, mas o nosso trabalho só terminou devido as grandes penalidades.

Paulo Repórrter: O Robson Ouro Preto foi à pessoa que lhe trouxe para comandar o Rio Negro. O Senhor voltaria a trabalhar com ele novamente no Rio Negro ou prefere outro clube?

Paulo Morgado: O problema não foi o Robson Ouro Preto. Penso que ele não tinha idéia como as coisas funcionavam no futebol amazonense. Não podemos sonhar com grandes projetos se não tivermos pernas para andar. O Robson teve um sonho muito alto que não dependia só do Jardel, do Paulo Morgado e dele mesmo. Julgo que ele também não teve a ajuda que precisou para seu sonho se tornar realidade. Sonhar alto por vezes faz ter uma queda grande.

Paulo Repórter: A preferência é retornar ao Fast Clube?

Paulo Morgado: Meu acordo com o Fast foi acordo de cavalheiros. Em Manaus não troco o Fast por nenhum clube, mas se o clube não entrar na Serie D estou livre de aceitar qualquer proposta de outro time.

Paulo Repórter: Pretende trabalhar em alguma equipe européia?

Paulo Morgado: Vou fazer duas semanas de estagio no Siena da Itália. Estou a espera da resposta do Málaga para visualizar duas semanas de treinos na pré temporada em Espanha. Enquanto isso se aparecer um convite do Brasil ou ate mesmo em Portugal deixarei a formação para voltar a trabalhar.

Paulo Repórter: Como foi analisado pela imprensa portuguesa, seu trabalho no futebol amazonense?

Paulo Morgado: No inicio houve sempre alguma informação do meu trabalho, mas Portugal tem mais de 30 técnicos a trabalhar em todo mundo e não ha espaço para se falar só do Paulo Morgado. Tenho a plena convicção que tivesse vencido o campeonato chegaria a Portugal muito bem cotado. Seria o primeiro português a vencer alguma coisa no Brasil.

Paulo Repórter: Teve algum jogador que poderia jogar no futebol europeu?

Paulo Morgado: Acho que foram os jogadores que tem qualidade para um dia jogar na Europa. São o Dionísio (conhecido como Dioni, ou Junior Lacraia, do Fast) e Dan (Sul America).

Fonte: Blog do Paulo Repórter