Dos nove clubes do Campeonato Amazonense de 2011, cinco terão no mínimo um time inteiro formado por jogadores de outros Estados. Falta de atletas profissionais no Amazonas, mau aproveitamento da base e indisciplina tática são alguns dos motivos alegados pelos dirigentes para importar reforços
Nacional, Fast Ulbra, Penarol e América preferiram investir na importação do que na prata da casa. Maior campeão de títulos no Estadual, o Nacional mantém a tradição de que santo de casa não faz milagre. Há uma semana, um grupo de 15 jogadores e a comissão técnica chegaram a Manaus após uma pré-temporada em Porto Alegre-RS. Com mais sete reforços amazonenses, os atletas treinam sob comando do técnico gaúcho Laoni Luz.
“Temos atletas de todo canto do País como Paraná, Santa Catarina, Bahia e Mato Grosso. É um grupo da região Sul e não gaúcho”, comentou o treinador. O volante Clayton He-Man, ex-Operário, e o zagueiro Amaral Capixaba, vindo do América-AM, são dois dos amazonenses conhecidos da equipe do Leão.
Gastos e investimentos
Para o presidente do Naça, Luís Mitoso, os clubes não têm condições de segurar um elenco fora do período de competições. “Não temos calendário em tempo integral. Se tivéssemos dez clubes no Amazonense e cada um formasse um elenco de 30 jogadores, precisaríamos no mínimo de 300 profissionais no mercado. Faltam jogadores disponíveis em Manaus. Além disso, os atletas top daqui vão jogar fora do Amazonas por falta de campeonatos no resto ano. Tem custo que é gasto e custo que é investimento, como o nosso nesses jogadores de fora”, afirmou Mitoso.
No Fast, o vice-presidente do clube, Cláudio Nobre, afirmou que a maioria dos jogadores do Estado age de forma amadora. “Os jogadores de fora são mais profissionais e disciplinados. E os custos, como a alimentação que temos aqui no Fast, saem mais baratos que pagar vale-transporte”, comentou Nobre.
Na Casa do Atleta, perto do CT Ulbra, o Tricolor dispõe de dormitórios para 40 pessoas. Dos 27 jogadores do clube, 18 são naturais de outro Estado como o atacante Tiago dos Santos, vindo de São Paulo e campeão da Copa do Brasil pelo Paulista em 2005. O meia Rogério Baiano, de Salvador-BA, e os volantes Wilker e Souza, que nasceram no interior de Pernambuco e já têm passagens por clubes amazonenses, são outros reforços do Fast.
Pará inflacionou
Atual campeão estadual, o Penarol, de Itacoatiara (a 176 quilômetros a oeste da capital), descentralizou a fonte de reforços que ajudou o clube a conquistar o título histórico em 2010. “Os reforços do Pará ficaram muito caros. Neste ano, contratamos jogadores de Minas Gerais, São Paulo e Piauí. É mais fácil fechar negócios com atletas de fora. Muitos clubes daqui do Amazonas ficam brigando entre si por jogadores, aí quando não consegue ser contratado por nenhum time vem nos procurar”, comentou o presidente do Leão Azul, Ila Rabelo.
O clube do interior tem 23 jogadores, sendo 13 de naturalidades distintas. “Não queremos um time repetitivo. Tem jogador que a cada ano e competição pula de um clube para o outro. E sai até mais barato que investir em jogadores daqui, que sempre querem ganhar um salário maior”, disse Rabelo, que renovou com o técnico paraense Adinamar Abib, que está há 20 anos no Amazonas.
Fonte: Diário do Amazonas