Campo da Colina está sem condições de jogo, mas clubes não tem opção

terça-feira, 7 de setembro de 2010 Comments

Campo da Colina...  brincadeira =)     Para os cinco clubes da Série B do Campeonato Amazonense, jogar no Estádio Ismael Benigno - a Colina, é como morar em área de risco. Todos sabem que não é o local adequado, mas ninguém muda porque não há para onde ir.

Somente este ano foram disputados 20 jogos oficiais pela categoria profissional no estádio que pertence ao São Raimundo Esporte Clube. Mais 11 partidas estão previstas pela Segundona no local. A Colina ainda é utilizada para os jogos dos estaduais Infantil e Juvenil, treinos da equipe feminina do próprio Tufão para a Copa do Brasil, nos fins de semana, e do América-AM, nas terças e sextas-feiras, em preparação à Série D do Brasileiro, além do Grêmio Coariense para a própria Série B.

Nas rodadas duplas, aos domingos, é fácil perceber que o campo está desgastado e com algumas divisões, como as delimitações da meia-lua e da marca do pênalti nas pequenas áreas dos dois gols, apagadas pela falta de grama na terra batida. A maioria dos dirigentes e técnicos condenou as condições do estádio cedido ao Governo do Estado por 20 anos por um acordo de comodato, no ano passado.

"Tudo é questão de não ter campo. Não vetei a Colina, justamente para não ser o vilão da história. O pessoal iria dizer que o São Raimundo não queria ceder e poderia prejudicar os clubes. Se for querer preservar mais a Colina, não tem como fazer", comentou o presidente do Tufão, Antônio Maranhão. "O termo de comodato foi assinado em fevereiro de 2009, mas ninguém da Fundação Vila Olímpica (vinculada ao Governo do Amazonas) veio até hoje assumir a administração do estádio", declarou o dirigente.

Reforma parcial

O secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Júlio César Soares, não tem previsão para o início das obras na Colina, que será um dos Centros de Treinamento (CT) das seleções para a Copa do Mundo de 2014. "Só quando as obras começarem é que a secretaria irá assumir o comodato. A Seinf (Secretaria de Estado de Infraestrutura) e Implurb (Instituto Municipal de Planejameto Urbano) farão avaliação do que será necessário reformar", informou Soares.

A Sejel estuda uma parceria com a Prefeitura de Iranduba (a 27 quilômetros da capital, do outro lado do rio Negro) para ceder o campo do município aos jogos da Série A do Estadual. "Como conseguimos liberar o Estádio do Sesi (Roberto Simonsen) para o Amazonense de 2011, talvez não façamos a reforma emergencial na Colina para a realização dos jogos do próximo ano. Afinal, não adianta gastar um monte de dinheiro para reformar para depois ter que derrubar para fazer as obras do CT (para a Copa do Mundo)", completou o secretário de Esporte e Lazer, Júlio César Soares.

No interior, jogos custam caro aos clubes

Antes da abertura da Série B do Estadual, no dia 15 de agosto, o Grêmio Coariense e a Federação Amazonense de Futebol (FAF) sugeriram utilizar o Estádio Francisco Garcia - o Chicão, em Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros de Manaus) como alternativa para a falta de campos disponíveis na capital. O América-AM jogou lá na primeira fase da Série D do Brasileirão.

A proposta não foi aceita pelos cubes. Além da Colina, somente o Estádio Gilberto Mestrinho, em Manacapuru, recebe os jogos da Segunda Divisão. "Queríamos levar nosso mando de campo (do Grêmio) para Rio Preto, mas os outros clubes alegaram que o custo no transporte das equipes ficaria muito caro", comentou o técnico João Carlos ‘Cavalo’.

O supervisor de futebol do Rio Negro, Robson Ouro Preto, lamenta a falta de estrutura do estádio de Manaus. "O jogador que tem técnica não consegue mostrar nada. A bola não rola, tem que ser rifada e tira o brilho do jogador. A torcida cobra, mas às vezes nem é culpa do atleta", afirmou Ouro Preto, que também descarta Rio Preto pelo custo da viagem. "O preço para atuar em Rio Preto da Eva é o dobro de jogar na Colina. Gastaríamos cerca de R$ 3 mil com aluguel do ônibus, combustível e almoço", disse o supervisor do Galo.

No Tarumã, o técnico Leão Braúna evita comentar sobre a polêmica com relação a utilização do desgastado Estádio da Colina. "Não adianta condenar a Colina e jogar lá. Não tem solução, o certo seria jogar em Manacapuru e Rio Preto da Eva. O campo prejudica, mas não tem outro lugar", declarou Braúna. "Os clubes profissionais precisam ter campos para os jogos. Só que ninguém quer ajudar ninguém, incluindo, o poder público", lamentou.

Por R$ 3 mil mensais, a diretoria do Grêmio Coariense, que não tem mais estádio no município de Coari, aluga a Colina para treinar em Manaus. Mesmo com os trabalhos diários, o técnico João Carlos ‘Cavalo’ admite que adaptar o grupo às condições do campo é um desafio. "O campo em si nivela muito as equipes. Não permite toques de bola. Quando a gente tem um grupo experiente e melhor condicionado, não adianta muito. O nível técnico cai pelas condições do gramado", declarou ‘Cavalo’.

Fonte: Diogo Rocha

 

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