Grupo de moradores quer impedir reforma do Floro de Mendonça

     Um grupo formado por esportistas e pessoas ligadas a cultura de Itacoatiara está se mobilizado para sensibilizar o governador Omar Aziz (PSD) no sentido de evitar que o campo do estádio Floro de Mendonça seja modificado. O campo foi projetado pelo arquiteto Severiano Mário Porto e o temor é de que ele tenha o mesmo destino do estádio Vivaldo Lima, também obra de Severiano e que foi demolido para dar lugar a Arena da Amazônia.

Construído em 1970 pelo ex-prefeito Jurandir Pereira da Costa, o estádio passará por uma reforma emergencial que custará aos cofres públicos R$ 1,5 milhão, mas já existe um projeto “rodando” o Governo do Estado para uma obra completa de modernização que consumirá R$ 18 milhões e não tem prazo para iniciar o processo de licitação. “Queremos sensibilizar o governador Omar Aziz para que convide o arquiteto Severiano Mario Porto a fazer o projeto do novo estádio, pois o Floro de Mendonça, a Casa de Cultura e a sede da APAE são obras dele em Itacoatiara e não gostaríamos de perde-las pela força que o nome Severiano representa para a arquitetura em nossa região”, afirma Fernando Nelson, um dos participantes da mobilização.

O projeto original do estádio foi entregue em 1970, mas não foi executado completamente. Da ideia, restou completamente concluído apenas o campo cujo segredo da drenagem, a melhor do Amazonas, está em fossas construídas com materiais da própria região, uma das marcas do arquiteto mineiro. São quatro fossas nas laterais e três no centro do campo.

Exemplo dessa característica é que as fossas de drenagem não são de alvenaria, mas sim forradas com toras de madeira de lei, mais precisamente toras de acariquara, pedras britas tiradas de uma mina local e areia. “Este é o melhor campo do Amazonas, nunca um jogo aqui foi cancelado por falta de condições do gramado”, garante o presidente da Liga Itacoatiarense de Desporto Atlético (Lida), Lidiomar Guimarães Silva. A reforma emergencial vai contemplar a colocação de novas arquibancadas, que usarão os bancos retirados do Vivaldão, e novas cabines de imprensa. No total, a capacidade será aumentada de 2,5 mil espectadores para algo próximo de 8 mil.

Jurandir Pereira da Costa  Ex-prefeito de Itacoatiara

1  Como foi a participação do Severiano Mário Porto na construção do Floro de Mendonça?

Foi um negócio direto com ele, que veio a Itacoatiara conhecer o terreno onde construímos o estádio e a Casa de Cultura, duas obras que estão aí até hoje. Foi ele quem iniciou a obra, que depois ficou a cargo de um mestre de obras que tinha na prefeitura.

2  Porque o projeto não foi executado completamente?

Faltou dinheiro, foi feito com recursos próprios da prefeitura, fiz até onde pude, não tive ajuda do governador, que era aquele coronel João Walter de Andrade, com quem briguei. Agora fiz o campo exatramente com as características previstas pelo Severiano. O segredo deste campo está no material usado, toras de acariquara e pedras regionais reduzidas até o tamanho de brita, tem uma camada de areia em todo o campo e ai a terra na qual foram plantadas a grama, pé por pé, pois naquele tempo não tinha essas placas existente shoje.

3  Como era o Severiano durante a execução do trabalho no estádio e na Casa de Cultura?

Ele veio duas vezes aqui, era um cara forte, bigodudo, tinha muitas ideias e ajudou muito na execução. A Casa de Cultura ficou pronta, o estádio infelizmente não foi completado, mas está como deixei, não houve muita mudança, só as arquibancadas que eram de madeira e depois foi feita de alvenaria. O projeto original deve estar na prefeitura e pode ser completado.

Fonte: A Crítica