América é absolvido no STJD e está garantido na Série C de 2011

 
      O América foi absolvido no julgamento de hoje no STJD, em que era acusado de escalar o jogador Amaral de forma irregular nas partidas contra o Joinville-SC. A alegação de que o sistema do BID era passível de falhas foi decisiva para o resultado do julgamento.

      A sessão começou com cerca de 1 hora de atraso, e com as interrupções, levou mais de 5 horas para ser concluída. Da mesma forma que na semana passada, o site da Justiça Desportiva, que acompanharia o julgamento em tempo real, saiu do ar. O julgamento do América começou logo após o julgamento do jogador Richarlyson, do São Paulo, que foi punido com 2 jogos de suspensão. Roberto Teixeira, que foi auditor na última sessão, que foi adiada, foi substituído hoje por Paulo Bracks, que ficou algum tempo estudando os autos, o que contribuiu para o atraso.

Na início do julgamento, o auditor leu todos os documentos do caso, inclusive um que chegou hoje, assinado pelo diretor de transferências da CBF. Em seguida, a defesa do Joinville apresentou o vídeo de uma entrevista que o diretor técnico da Federação Amazonense de Futebol, Ivan Guimarães, deu a um canal de TV. Na entrevista, Ivan isenta a FAF de culpa, e acusa o América de não ter pagado a inscrição do jogador Amaral no BID. A declaração do diretor da FAF acaba sendo usada como prova contra o seu federado, o América.

Ivan, que está no tribunal como testemunha do América, foi chamado para dar esclarecimentos. Ele explica que é um dos responsáveis por registros e transferências de jogadores, e diz que não lembra de dar entrevista dizendo que o Amaral estava irregular, e que errou na entrevista por não estar com os documentos em mãos. Ivan diz que o jogador Amaral pertence aos quadros do América desde o ano passado, onde jogou os estaduais de 2009 e 2010, e a Copa do Brasil de 2010. Ivan Guimarães diz que esteve pessoalmente na CBF e conversou com o diretor de registros, e que a própria CBF admite que o sistema. Mas quando interpelado pela presidente da Comissão, Renata Quadros, sobre a real data de entrada do contrato na Federação, Ivan se confunde, se foi em 15/07 ou 15/06, mas que de qualquer forma não foi em 15/10 como consta no BID. O relator Paulo Bracks diz acreditar que apenas um está correto na história, O diretor técnico da FAF ou a CBF, pois cada parte fala algo diferente.

Após isso, foi encerrado o depoimento de Ivan Guimarães, e a palavra foi passada para o advogado do Joinville, Pugliese Junior. O advogado disse ter certeza da irregularidade do jogador Amaral: "Não estaríamos gastando dinheiro e tempo se não tivéssemos essa certeza", e diz que "Joinville inteira está parada acompanhando este julgamento", para tentar pressionar os auditores. Pugliese traz a tona a outra denúncia contra o América, por parte do Madureira, em que o clube é acusado de escalar um jogador suspenso pelo terceiro cartão amarelo. "Por aí dá para perceber que as coisas não são tão bem organizadas por lá", completa o advogado. Ele encerra a defesa exigindo a eliminação do América na Série D e a volta do Joinville.

O advogado do América, Osvaldo Sestário, foi então fazer a defesa do clube. Antes de entrar no mérito da questão, ele atentou para o fato de o Joinville ter feito a queixa após o prazo, e pede para que o processo seja revisto. Depois lembrou que o sistema do BID (Boletim Informativo Diário) da CBF é falho e complicado, e diz que o resultado dentro de campo tem que prevalecer. Em campo, o Joinville não chegou a vencer nem um jogo contra o América. Perdeu em Manaus e empatou na Arena Joinville. O advogado lembrou ainda que em caso de exclusão do América, a competição teria que voltar à terceira fase, pois até o Sampaio Correa teria que retornar. Sestário completa dizendo que o novo CBJD possui o pró-competição, e pede para que isso seja levado em conta, pois até agora o culpado não foi encontrado.

Os auditores debateram então a possibilidade de um novo adiamento, para obter esclarecimentos da CBF sobre o caso, mas a sessão é apenas interrompida até que cheguem as respostas da CBF. No meio tempo, vários outros casos são julgados, entre eles, um que também envolve o Joinville, desta vez contra o preparador físico do Operário, que teria xingado o árbitro, dizendo que ele estaria favorecendo o Joinville em um jogo.

A sessão prosseguiu quando chegou o documento da CBF. A defesa do Joinville diz que o documento comprova a culpa do América. Já o advogado do clube do AM volta a falar em falha no sistema. Os auditores se preparam então para dar seus votos. O primeiro a votar foi o auditor-relator Paulo Bracks, que vota na punição do América com a perda dos pontos e a consequente eliminação da Série D. Antes de dar o segundo voto, o auditor Washington Oliveira admite que não gosta de julgar este tipo de processo, e que o futebol deveria ser resolvido apenas no campo. Ele vota em favor da absolvição do América, alegando que ainda há dúvidas sobre a falha no sistema. O terceiro auditor-relator, Rodrigo Fux, também vota em favor do América, dizendo que a falha não foi bem esclarecida pela CBF. A decisão vai parar então nas mãos da presidente Renata Quadros, que vota na punição do América, com a perda dos pontos. Com o empate em 2 a 2, acabou valendo o 'Indubio Pró-Réu', comum neste tipo de situação. Apesar das argumentações do Joinville, o caso é encerrado, com absolvição do América, que garante vaga na Série C de 2011.

Mas o América não escapou de vez do banco dos réus, e ainda vai a julgamento por ter escalado o jogador Fofão no jogo de volta contra o Madureira, mesmo o jogador estando suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Mas como o julgamento é depois do primeiro jogo da final, o América ainda vai a Santarém-PA enfrentar o Guarani-CE, na Final do Campeonato Brasileiro da Série D.

Thiago Henrik - FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR