Jogadores do Amazonas trocam de clube várias vezes por ano e chegam a jogar campeonatos amadores

      A dança das cadeiras é comum no futebol brasileiro. O Ceará é um caso ilustrativo. Já trocou de técnico três vezes neste Campeonato Brasileiro e segue entre os dez primeiros colocados da competição. No Amazonas, não dá nem tempo para equipes trocarem de técnico, pois o Campeonato Amazonense ocorre durante três meses e os times não passam das primeiras fases em torneios nacionais.

Por isso, em Manaus, a dança das cadeiras é entre os jogadores. Com apenas um trimestre de atividade, com o Estadual 2010, os jogadores de futebol profissional podem passar até três trimestres (nove meses) por ano desempregados. Alguns atletas trocam de clube até oito vezes em três anos, sujeitam-se a disputar a segunda divisão local e até campeonatos amadores.

     Nessa busca pela sobrevivência no futebol amazonense está o meia-atacante Vidinha. Em menos de três anos ele já se transferiu sete vezes e atualmente defende o Grêmio Coariense na Série B do Amazonense. Neste tempo, Vidinha passou por clubes como o Ituiutaba-MG, Manaus Compensão-AM, Ferroviário-CE, Nacional-AM, Sampaio Corrêa-MA e Uberaba-MG.

Quem também já trocou de camisa sete vezes no último triênio foi o atacante Marinho. Ele foi até à China, mas voltou rápido e também foi contratado pelo Grêmio. Marinho passou por Holanda, São Raimundo, Nilton Lins e Nacional, todos de Manaus-AM, além do TSW Pegasus, de Hong Kong.

É comum também encontrar jogadores considerados profissionais em campinhos de terra batida nos mais diversos bairros de Manaus em competições amadoras. No dia 21 de novembro de 2009, data da final da Série B do Estadual entre Manaus Compensão e ASA, o jogador do Manaus Compensão, Wendell Coquinho, foi flagrado em um campo no bairro da Compensa, zona oeste da capital, ao meio-dia, jogando pela equipe amadora do Botafogo. O time é o principal rival do Compensão nos torneios amadores. Como a final começava ás 17h, o jogador foi vetado na equipe e não pôde comemorar o título conquistado com a vitória por 2 a 0 sobre o ASA.

O fluxo de jogadores no Amazonas é tão grande que a maioria dos jogadores que defende equipes da Primeira Divisão do Estadual jogam também a divisão de acesso no segundo semestre. Há até quem troque uma competição nacional pela segundinha local. É o caso do volante Alberoni, que fechou contrato com o América-AM para a disputa da Série D do Brasileirão, mas no dia 11 deste mês já estava inscrito no Grêmio Coariense.

Eles até que tinham a força, mas perderam ao sair do Amazonas. O primeiro é Clayton He-Men, que se destacou no Amazonense 2010 e fechou contrato com o ASA de Arapiraca-AL, no dia 05 de maio, para a disputa da Série B do Brasileirão. Retornou logo e está no Operário, de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus), que lidera a Segundinha local. Por lá também está o zagueiro He-Man. Vice-campeão do Estadual deste ano pelo Fast Clube, de Manaus, ele se transferiu para o Paysandu, de Belém-PA, mas já retornou ao Amazonas. O Papão está na Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro.

Ninguém conseguiu decifrar ainda que atrações os clubes do Amazonas exercem sobre esses jogadores. O desejo é sair do Estado para jogar em clubes de maior projeção nacional. Mas todos voltam para o mesmo lugar.

Fonte: Diário do Amazonas

Opinião: Existem vários fatores que devem influenciar para que esses jogadores terminem voltando para os clubes amazonenses. Entre eles destaco a família, que é daqui, a dificuldade de adaptação em outros locais, o fato de serem desconhecidos em outros estados, o que pode fazer com que sejam pouco aproveitados pelos técnicos dos clubes de fora, e principalmente o fato de terem quase sempre trabalho aqui, porque os técnicos do campeonato amazonense quase sempre são os mesmos, e preferem trabalhar com jogadores que já conhecem.

Thiago Henrik – FUTEBOLAMAZONENSE.BLOGSPOT.COM