CONCILIANDO INTERESSES
Um fato: os veículos
locais de comunicação dão muito mais espaço para clubes nacionais e internacionais
de futebol do que para clubes regionais. Outro fato: a grande maioria das
empresas locais não manifesta qualquer interesse em patrocinar os nossos clubes
profissionais de futebol. Mesmo assim, antes de tecermos qualquer tipo de
crítica ao empresariado local e a imprensa, interessante seria mudarmos o rumo
dos nossos questionamentos. Se os clubes locais têm os seus interesses, as
empresas e a imprensa local certamente devem ter também os seus. Assim, uma
quebra de paradigma que mude esse cenário de desmotivação deve começar, no
mínimo, com uma conciliação de interesses entre esses três segmentos: imprensa,
iniciativa privada e clubes.
Os veículos de
comunicação, por exemplo, têm suas necessidades supridas basicamente pelos
anunciantes e pelo público consumidor que atingem. É lógico que quanto maior for
o número de leitores, ouvintes ou telespectadores conquistados, mais
valorizados serão os seus espaços de publicidade. Assim, se a maioria dos consumidores que curtem futebol demonstram interesse apenas em times nacionais ou
internacionais é natural que os veículos de comunicação priorizem esse grande
público.
Mas, o que dizer da
desmotivação dos empresários locais em patrocinar nossos times? Obviamente, o
desinteresse que manifestam também não é sem causa. Assim como as empresas de
comunicação, eles também têm suas demandas e objetivos. Como eles visam o lucro e o
crescimento, dentre outras finalidades, jamais investirão em patrocínios que não deem uma razoável
exposição de imagem ou não propiciem a conquista de consumidores.
E, Igual aos dois
segmentos citados acima, o clube profissional de futebol também tem seus interesses
e necessidades. É impossível um clube desenvolver suas atividades, crescer ou,
até mesmo, sobreviver sem patrocínio e um razoável público consumidor
(torcedores e simpatizantes). Conforme ilustrado na figura abaixo, vemos que tanto
os clubes como os veículos de comunicação e os potenciais patrocinadores são
sustentados, de modo direto ou indireto, por um quarto segmento, o PÚBLICO
CONSUMIDOR. Um leitor sustenta diretamente um jornal quando o adquire por
determinado valor e indiretamente quando se torna cliente ou consome algo de um
anunciante. O mesmo ocorre com um torcedor que sustenta diretamente o clube
quando adquire ingressos ou produtos do time e indiretamente quando dá
preferência para um de seus patrocinadores.
Assim sendo, deparamo-nos
com o grande gargalo desse complicado debate em prol da reconstrução do nosso
futebol: a ausência de um razoável público consumidor (torcedores e
simpatizantes) interessado pelo futebol profissional amazonense. Nesse ponto,
surgem também dois caminhos possíveis de serem traçados – o atual caminho das
desculpas (sem ajuda de Governo não existe campeonato, a população na valoriza
o futebol local, a imprensa fala mais dos times de fora e as empresas não
colaboram) ou o caminho da busca de soluções e alternativas que visem um futebol
verdadeiramente profissional.
No próximo artigo da
série Reconstrução do Futebol Amazonense, vamos tentar fazer uma comparação
entre o caminho seguido pelos nossos atuais dirigentes de futebol e um caminho
alternativo que vise o enfrentamento das questões levantadas neste texto.
Fonte:
FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR
Adriano
Campelo