A Reconstrução do Futebol Amazonense - Parte 3

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013 Comments

CONCILIANDO INTERESSES

Um fato: os veículos locais de comunicação dão muito mais espaço para clubes nacionais e internacionais de futebol do que para clubes regionais. Outro fato: a grande maioria das empresas locais não manifesta qualquer interesse em patrocinar os nossos clubes profissionais de futebol. Mesmo assim, antes de tecermos qualquer tipo de crítica ao empresariado local e a imprensa, interessante seria mudarmos o rumo dos nossos questionamentos. Se os clubes locais têm os seus interesses, as empresas e a imprensa local certamente devem ter também os seus. Assim, uma quebra de paradigma que mude esse cenário de desmotivação deve começar, no mínimo, com uma conciliação de interesses entre esses três segmentos: imprensa, iniciativa privada e clubes.


Os veículos de comunicação, por exemplo, têm suas necessidades supridas basicamente pelos anunciantes e pelo público consumidor que atingem. É lógico que quanto maior for o número de leitores, ouvintes ou telespectadores conquistados, mais valorizados serão os seus espaços de publicidade. Assim, se a maioria dos consumidores que curtem futebol demonstram interesse apenas em times nacionais ou internacionais é natural que os veículos de comunicação priorizem esse grande público.


Mas, o que dizer da desmotivação dos empresários locais em patrocinar nossos times? Obviamente, o desinteresse que manifestam também não é sem causa. Assim como as empresas de comunicação, eles também têm suas demandas e objetivos. Como eles visam o lucro e o crescimento, dentre outras finalidades, jamais investirão em patrocínios que não deem uma razoável exposição de imagem ou não propiciem a conquista de consumidores.


E, Igual aos dois segmentos citados acima, o clube profissional de futebol também tem seus interesses e necessidades. É impossível um clube desenvolver suas atividades, crescer ou, até mesmo, sobreviver sem patrocínio e um razoável público consumidor (torcedores e simpatizantes). Conforme ilustrado na figura abaixo, vemos que tanto os clubes como os veículos de comunicação e os potenciais patrocinadores são sustentados, de modo direto ou indireto, por um quarto segmento, o PÚBLICO CONSUMIDOR. Um leitor sustenta diretamente um jornal quando o adquire por determinado valor e indiretamente quando se torna cliente ou consome algo de um anunciante. O mesmo ocorre com um torcedor que sustenta diretamente o clube quando adquire ingressos ou produtos do time e indiretamente quando dá preferência para um de seus patrocinadores.




Assim sendo, deparamo-nos com o grande gargalo desse complicado debate em prol da reconstrução do nosso futebol: a ausência de um razoável público consumidor (torcedores e simpatizantes) interessado pelo futebol profissional amazonense. Nesse ponto, surgem também dois caminhos possíveis de serem traçados – o atual caminho das desculpas (sem ajuda de Governo não existe campeonato, a população na valoriza o futebol local, a imprensa fala mais dos times de fora e as empresas não colaboram) ou o caminho da busca de soluções e alternativas que visem um futebol verdadeiramente profissional. 
     

No próximo artigo da série Reconstrução do Futebol Amazonense, vamos tentar fazer uma comparação entre o caminho seguido pelos nossos atuais dirigentes de futebol e um caminho alternativo que vise o enfrentamento das questões levantadas neste texto.        



Fonte: FUTEBOLAMAZONENSE.COM.BR
Adriano Campelo
 

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